Roadmap para Transformação Digital (TD)

A tecnologia sempre foi um diferencial entre as organizações por diminuir custos e aumentar a produtividade, tendo papel transformador nas empresas.

Ao longo da evolução das tecnologias digitais, os recursos tecnológicos foram se tornando cada vez mais baratos, permitindo seu uso por mais empresas e gerando uma competitividade mais acirrada por não ser mais privilégio das grandes empresas o acesso a determinados meios de competitividade (CANAVILHAS, 2009).

Morakanyane et al. (2017) unificaram os conceitos de TD de diferentes autores, concluindo que a TD é um processo evolutivo que aproveita as capacidades digitais para viabilizar modelos de negócios, processos operacionais e experiências de clientes, agregando valor.

Para Macalintal & Chepkasova (2017), a transformação digital é uma mudança de paradigma associada a uma nova forma de pensar e agir dentro de uma organização, por meio do uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC).

-Sobre fracasso na TD:

Algo como 70% dos processos de transformação falham (MCKINSEY,2019). Para Harry Robinson, sócio sênior da McKinsey, as razões são claras: “A diretoria não está alinhada, a razão e destino da mudança não são aspiracionais o suficiente, os funcionários não têm convicção ou entusiasmo pelo objetivo que o CEO estipulou, ou não há entre os funcionários as habilidades necessárias para promover a mudança proposta”.

O autor Christensen (2012) afirma que as empresas fracassam no processo de TD por três motivos: falta de investimento massivo em tecnologia, pouco conhecimento sobre os processos organizacionais e falta de foco em inovações.

-Tecnologias e Metodologias

 Empregar tecnologias como Cloud Computing, Blockchain, IoT e IA mudam a maneira como as organizações trabalham. Exemplos como chats bots em substituição aos postos de atendimento comprovam que a TD vai fazer as organizações repensarem suas cadeias de valores (SILVA, 2018).

Grande parte das tecnologias produzidas que apoiam a melhoria de produtos são as tecnologias incrementais (CHRISTENSEN, 2012). A maioria das organizações não investe em tecnologias disruptivas, dado o elevado custo. Por essa razão é mais comum as empresas focarem em inovações incrementais, melhorando produtos já existentes.

Já as organizações que adotam as tecnologias disruptivas e lançam algo inovador, conseguem benefícios como: capacidade de criar novos negócios, redução de custos e desempenho organizacional superior à dos concorrentes, mantendo-se alinhadas com as necessidades dos clientes (SLATER et al., 2014).

Para SILVA (2018), a base da TD é a utilização de metodologias ágeis. Avaliar os meios de report e criar ciclos de aprendizagem são etapas importantes para a implementação dos métodos ágeis.

Amorim (2014) reforça a importância da estratégia de pessoas em 3 pontos: espírito empreendedor, colaboração e liderança operacional. Também destaca que os líderes desenvolvam competências que os tornem inspiradores, como também capacidade de gerir pessoas de gerações distintas. É essencial ter o líder ligado ao propósito da empresa para que consiga inspirar as pessoas.

Amorim (2014) destaca ainda a criação de ambientes de co-criação para disseminar a cultura de liderança, programas de mentoring, coaching e planos de desenvolvimento de carreira

-Inovação Incremental (II) x Inovação Radical (IR):

As inovações incrementais referem-se a mudanças nas características de um serviço, produto ou de um processo organizacional, sem alteração do ‘core’ (FREEMAN, 1995).

No ambiente empresarial, a II é a forma de inovação mais utilizada, com mais de 80% dos investimentos destinados à inovação (SHELTON, 2007). 

Já as IRs produzem mudanças no core das atividades da empresa, com grandes alterações nas práticas existentes, gerando disrupção para os consumidores, pois introduzem novos valores que interferem diretamente em seus hábitos e comportamentos (Markides, 2006).

-Discussão

E no mundo atual, com a tecnologia e conhecimento disponíveis, qualquer ideia pode causar uma revolução em termos de mercado. Diante desse cenário, o que as empresas devem fazer ?

-A tecnologia não é mais importante que a “dor” da sua empresa

Ao contrário do que pensam, TD não é sobre tecnologia, e sim sobre novos modelos de negócios que podem ser desenvolvidos com o uso das tecnologias digitais, assim como novas abordagens na resolução de problemas das organizações. E caso esse problema seja resolvido, de forma única e direcionada ao mercado interessado, a inovação foi alcançada.

As organizações tendem a se concentrar apenas na inovação incremental, criando uma versão nova ou aprimorada de um produto ou serviço existente. Porém, é na inovação radical (incremental + resolução da dor) que ocorre a reinvenção, isso é, um novo modelo de negócio ou um produto disruptivo.

É necessário certa dose de empirismo, observação, benchmarking, análise das tendências do setor em que a organização atua e avaliação das novas tecnologias digitais.

-Como chegar ?

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Após ter o suporte necessário, o próximo passo é separar as equipes, tendo aquelas que trabalham com a operação da organização e as que trabalham visando a inovação radical (vejam bem, radical):

1. Equipe deve começar com poucos membros, com ampla liberdade para questionar e acesso à dados e informações relevantes.

2. Equipe experimental focada apenas na reinvenção / disrupção de um produto ou serviço. Profissionais de rápido aprendizado, questionadores, conhecedores de seus deveres. Se colocarmos profissionais ‘amigo do amigo’ ou os chamados ‘de confiança’ sem as skills necessárias, o barco vai afundar. Inovacão não é laboratório, isso é, fazer por fazer, sem foco, assim como o processo de TD não é um movimento cyberpunk. As regras devem ser claras e as métricas apuradas.

3. Autoridade para criar esboços, apresentações e MVPs, com reports semanais ao responsável pela área. Não precisa ser um gestor técnico, mas conhecedor do negócio, de fácil relacionamento e flexível. Deveras importante evitar liderança tóxica e problemas de relacionamento entre os membros.

4. Caso o sucesso seja alcançado, podem virar uma nova empresa (Spin off), aproveitando a estrutura da organização.

-Conclusão

Estamos diante de um mundo em que as mudanças são de ordem exponencial. As organizações devem focar em 3 vertentes macros: Execução dos negócios (manter a operação), Adaptabilidade (fazer melhor e mais rápido) e na Reinvenção (inovação + resolução de problemas).

O lançamento de serviços e produtos inovadores são diferenciais na conquista de novos clientes e comprovam o sucesso da TD, conforme descrito por Westermann et al. (2011).

Conclui-se, cada vez com mais convicção, que as grandes empresas precisam buscar e provocar a transformação digital dos seus próprios negócios, buscando antecipar tendências de seus setores (ROGERS, 2017).

ps1: Desaprenda e reaprenda. Continue indo até encontrar algo único.

ps2: O desbravador sempre escolhe qual será a rota. Os outros apenas seguem.

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