Sobre APIs…

API significa “Interface de Programação de Aplicativos”, sendo um conjunto de instruções, rotinas e padrões de programação que possibilitam formas de comunicação, sendo nada mais que uma interface.

Uma forma de entender o que é API basta pensar em um garçom, que nos traz o que solicitamos, sendo que não importa como o prato é feito, queremos apenas consumi-lo. É assim exatamente com a API.

As APIs fornecem a flexibilidade sem precedentes, permitindo integrações com sistemas internos, legados, parceiros, sistemas terceiros além de outras possibilidades, como:



• Criação de Novos Canais, por meio de diferentes interfaces ou oferecer uma experiência Omnichannel aos usuários;
• Lançamento de Novos Produtos, comercializar APIs como produtos com diferentes formas de monetização;
• Exploração de Novos Modelos de Negócios como plataformas;
• Adoção de Novas Tecnologias (por exemplo, IA) como serviços, integrando-as com sistemas legados;

API Product Team

Os líderes se diferenciam pela sua capacidade de criar valor agregado e dominar fatores ambientais intrínsecos e extrínsecos determinantes das barreiras e progressos da comunidade plataformizada. (ADNER; KAPOOR, 2010)

Gartner em sua pesquisa sobre “Estratégia e Uso de APIs” de 2019 revelou que mais da metade das organizações classificam que a ausência do “gerente de produto de API” como um dos principais desafios de suas estratégias, já que o desenvolvimento de uma estratégia de API bem-sucedida exige uma mudança de mentalidade, de produto para plataforma, sendo necessário alguém que conheça tanto do produto como também de APIs.

Um gerente de produto de API deve entender que as APIs são ferramentas que possibilitam expandir negócios e desenvolver parcerias, e reconhecer esse potencial possibilita desenvolver soluções que realmente agreguem. Para esse fim, esses profissionais devem ter a visão voltada para futuro, estudando tendências de mercado, analisando concorrentes, além de acompanhar outros setores.

Api Product Manager

Além disso, o gerente de produto de API deve analisar as métricas e obter feedback dos desenvolvedores e usuários finais, visando  identificar as melhorias e correções necessárias.

Abaixo algumas tarefas associadas a esse papel/cargo:
• Identificar as APIs desejadas pelo mercado (recursos);
• Trabalhar junto aos desenvolvedores, conduzindo a criação de APIs;
• Criar relatórios executivos, com métricas;
• Definir as características do produto da API (monetização, limites de taxa e etc…);

E principalmente fazer questionamentos como:
• Quem é o público?
• O que eles querem?
• Quais termos e condições para viabilizar a iniciativa de APIs?

Integração Horizontal e Vertical

API horizontal ‘versus’ vertical

A integração horizontal é a expansão no mesmo nível da cadeia de valor. Trata-se de aumentar a participação de mercado, através de fusões e aquisições.  Eles conectam sistemas tecnológicos – Saas, IoT, microsserviços etc. – por meio de APIs, abrangendo vários setores, podendo conectar sistemas distintos, tanto em termos tecnológicos como de negócios. É uma abordagem que carece da experiência direta de uma solução vertical, como por exemplo, quando um ERP se conecta a um  CRM, eles provavelmente estão passando de uma vertical para outra, tornando-se uma ‘horizontal’.

A integração vertical é a combinação de diferentes elos da cadeia de valor, desde a matéria-prima até o consumidor. Empresas com alto grau de integração vertical controlam quase todas as partes de sua cadeia de valor.

Um exemplo de integração vertical é a Amazon. Bezos começou vendendo livros, sendo que a Amazon se expandiu rapidamente para quase todas as categorias de bens de consumo, utilizando envio por correspondência (integração horizontal), sendo que ao mesmo tempo a empresa iniciou sua expansão ao longo de sua cadeia de valor,  terceirizando e desenvolvendo seus próprios produtos (como AmazonBasics, uma marca privada) e serviços (por exemplo, Amazon Prime, AWS).

Então, hoje a Amazon é um gigante com integração vertical e horizontal, e continua se expandindo em ambas as direções.

Por outro lado, temos a  Apple, que sempre manteve um alto nível de integração vertical ao criar um produto de ponta a ponta como os iphones, por exemplo.

Uma observação interessante, falando de cadeia de valor,  é que a indústria de computação passou de vertical (mainframe) para horizontal (PC, web) e voltou para vertical (smartphone). 

A integração vertical é projetada especificamente para funcionar em um tipo de demanda, em um ponto específico da cadeia de valor.

As empresas em todo o mundo estão adotando uma estratégia de plataforma para criar um negócio verdadeiramente disruptivo e sustentável por um período de tempo. Você pode muito bem imaginar a API vertical sendo acoplada à plataforma que atende a uma determinada indústria ou necessidade de recurso do consumidor. A plataforma em si permanece agnóstica em relação à vertical.

O principal fator de sucesso é a experiência do cliente. E ser o dono do relacionamento com o cliente e da cadeia de valor oferece a vantagem da rapidez. Portanto, a integração vertical permite um ciclo de desenvolvimento mais rápido e iterativo.

Modelos de API

Existem três opções de entrega de APIs:

Eles podem ser abertas ao público, híbridas(B2B) e apenas para uso interno.

Para APIs abertas, a principal prioridade é fazer com que as APIs sejam facilmente consumidas por desenvolvedores externos, daí a importância de evitar o uso de protocolos proprietários e nomenclaturas confusas (geralmente oriundas da base de dados da empresa que disponibiliza a API). A intenção é oferecer oportunidades de inserir seus serviços em aplicativos externos, cooptando clientes.

Já a abordagem híbrida, as APIs são disponibilizadas de forma limitada para empresas que podem oferecer valor estratégico. Nessa abordagem, os desenvolvedores parceiros recebem uma chave exclusiva de acesso.

E por fim temos as APIs internas, usadas apenas pela equipe de desenvolvimento da empresa em questão, onde as APIs são utilizadas para novas entregas, fornecendo um alto grau de controle sobre o que pode ser desenvolvido e o que é desenvolvido internamente.

A escolha dessas abordagens  deve  acompanhar a estratégia de negócios já definida, lembrando que uma API aberta pode ajudar seus clientes a resolverem desafios, possibilitando novas oportunidades de negócio.

Plataforma e Produto

Ecossistema Digital

As plataformas digitais implicam homogeneização de dados e interoperabilidade entre múltiplas configurações; desenvolvimentos de Interfaces de Programação de Aplicativo (API), inteligência artificial, big data e cloud computing (REUVER; SØRENSEN; BASOLE, 2018)

Empresas existem dentro de um ecossistema empresarial, composto por clientes, parceiros, fornecedores e órgãos reguladores, e o conceito de plataforma visa facilitar a integração, sendo desenvolvida com tecnologias (como as APIs) que permitem o compartilhamento de dados e processos, além de combinar serviços e modelos de negócios, muita das vezes criando novos. Fora isso,  permitem a criação de cadeias de valor, podendo alcançar e unir milhares de consumidores e fornecedores.

Então, como exatamente uma plataforma difere de um produto?

Basicamente, um produto de software é um ‘conjunto de ferramentas’ que foi projetado para funcionar como um ‘pacote‘, podendo ser desafiador adicionar novas funcionalidades.

Por exemplo, se você quiser adicionar uma nova ferramenta que funcione diretamente com o seu CRM existente, será preciso construir uma integração que possa conectar essa nova ferramenta ao CRM.

Esse tipo de trabalho é comum nas organizações, mas pode se complicar rapidamente e se tornar difícil de solucionar, pois conforme as organizações evoluem, as necessidades também, e as ferramentas utilizadas podem não ser mais suficientes para as novas demandas surgidas, sendo necessário mais ferramentas externas…o que significa mais integrações !

Em contrapartida, uma plataforma oferece uma abordagem mais direta e objetiva para gerenciar seu negócio em crescimento, pois funciona como uma ‘tomada elétrica’, tendo a capacidade de se ‘conectar mais facilidade’.

Produtos requerem intervenções por vezes complexas, e as plataformas são projetadas desde o início para facilitar e possibilitar diferentes integrações, tornando os dados mais disponíveis em toda a sua empresa (o estudo dos dados é o core da transformação digital).

Conclusões

Todo esforço deve começar com a experiência do cliente e a estratégia de negócios. Não devemos focar de primeira na ‘estratégia de API’ , e sim na estratégia de negócios e PRINCIPALMENTE na experiência do cliente (experiência do desenvolvedor também). Daí sim, entendendo o que a área de negócio da sua empresa deseja e o que o cliente quer, é que focamos no design dessas APIs e nas especificações técnicas .

As APIs estão fornecendo oportunidades de flexibilidade sem precedentes à área de negócios e duas ações importantes são necessárias:

Estabelecer uma estratégia digital:  “Não é uma estratégia de API, mas uma estratégia de negócios“. É nesse momento que imaginamos novas experiências para os clientes e obtemos o apoio executivo.
Alinhar a organização e a cultura: “É importante garantir que toda a organização entenda o poder das APIs e sua capacidade de gerar resultados.” É uma grande mudança organizacional.

Recomendações:
• Organize hackathons públicos criando metas específicas para cada um.
• Crie um processo de integração de terceiros para uso de API aberta, com um fluxo de trabalho otimizado e contratos de licença para garantir consistência.

Por fim…

1 -Sinta uma dor / Encontre um problema;

2- Identifique as tecnologias necessárias;

3 – Crie uma solução;

4 – Se conecte à plataformas ou… tenha a sua 😉

Referências:

-Gartner, “The Evolving Role of the API Product Manager in Digital Product Management,” by analysts Mark O’Neill, Anne Thomas, Arun Batchu, Shameen Pillai, and Abhishek Singh: 25 February 2020.
-https://www.theinformation.com/articles/the-strategic-difference-between-apple-and-amazon
-https://www.mckinsey.com/industries/financial-services/our-insights/data-sharing-and-open-banking
-Strategic Management JournalStrat. Mgmt. J., 31: 306–333 (2010), www.interscience.wiley.com
-https://ideas.repec.org/p/ehl/lserod/80669.html

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